sábado, 21 de agosto de 2010

Conto

Este conto eu fiz para participar do Intercâmbio Internacional Pontes Culturais e vou mostrar a vocês. Se ficou interessado(a) em visitar este site, eu coloquei do lado direito do blog.


O Pombo de olho violeta.

Era uma vez um menino que se chamava Cauby.
Ele tinha 8 anos e morava num apartamento na capital do estado de São Paulo, no
Brasil. Sua infância poderia ter sido melhor se ele não tivesse crescido na capital, onde a fama da violência de uma cidade grande corria para todos os lados.  Mas isso não interferiu
no seu crescimento, apenas contribuiu para que atenuasse mais ainda  a sua timidez.
Ele era muito tímido. Quase não saia de casa e andava sempre cabisbaixo, com as mãos no bolso e com o cabelo comprido tampando o seu rosto. O seu olhar era triste porque ele não conseguia se comunicar com as pessoas.
Quando ele pensava em falar ou pedir alguma coisa, as sílabas se misturavam em suas palavras e ninguém entendia o que ele dizia.
Um dia, ele foi brincar no playground do prédio onde ele morava e viu o seu vizinho brincando sozinho. Vagarosamente ele foi se aproximando do menino e quando ficou bem próximo a ele, parou. O menino levou um susto tão grande quando Cauby começou a falar que saiu correndo gritando.
– Vote quer printar  conico. Disse Cauby misturando as sílabas.
–  ELE ESTÁ-ME CHINGANDO. ELE ESTÁ-ME CHINGANDO. Gritou o menino chorando.
Cauby ficou tão triste ao ouvir os gritos do menino que prometeu a si mesmo que nunca mais falaria com ninguém.
Às vezes para não perder a oportunidade de conseguir alguma coisa, ele apontava em direção ao objeto que queria, e a pessoa que estivesse ao seu lado lhe dava.
Sabendo dessa dificuldade de se expressar, ele passou a sonhar. Sonhava todos os dias com um pombo que pousava na janela do seu quarto todas as tardes. Sempre ao pôr-do-sol.
Cauby desenhava o pombo todo colorido. Era a cor que ele aparecia. O cinza predominava o corpo, o laranja e o vermelho se destacavam nas suas asas e o bico era marrom. Os olhos eram violetas.
Quando à hora do pôr-do-sol se aproximava, ele mais que depressa, pegava uma cadeira que ficava perto da janela e se sentava.  E esperava... Esperava... Horas para ver se o pombo aparecia. Como sempre, o pombo nunca deixou de fazer sua visitinha as tardes de Cauby.
Com o passar do tempo, eles se tornaram grandes amigos porque, nos sonhos de Cauby, ele conversava normalmente com o pombo. Ele contava suas estórias, confessava suas vontades e principalmente o medo que sentia quando ele tinha de ir para a escola.
Mas, quando o pombo tinha que ir embora, uma dor no coração de Cauby surgia, como um raio que estilhaça onde quer que ele atinja.
As lágrimas escorriam no seu rosto implorando para o seu único amigo não ir embora. Como fazer para que Cauby não chorasse nos momentos da despedida? Cauby então tomou uma decisão. Ele começou a escrever tudo o que eles conversavam. Foi o único jeito que encontrou de lembrar-se do seu amigo quando a saudades aparecia.  
Só que a conversa foi se tornando uma longa estória. E a estória foi ficando cheia de capítulos. E por fim, Cauby foi se tornando o mais falante da estória.
O seu grande amigo, o pombo de olho violeta, não só o ajudou a se expressar como também o ajudou a se tornar o mais falante da face da terra.

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