sábado, 20 de novembro de 2010

Conto: Q.I

Autor: Gabriel Rodrigues

Numa cidade chamada Caipora, localizada no estado de São Paulo, havia uma moça chamada Jurubébah. Ela era loira, tinha olhos azuis e de estatura média. Morava nessa cidade com sua mãe, onde a população girava em torno de dez mil habitantes.Jurubébah era filha única.A vida das duas era muito difícil, pois elas tinham que trabalhar muito para sustentar a casa e ganhavam muito pouco dinheiro.

O sonho de Jurubébah era estudar em uma Universidade. Mas, as dificuldades financeiras faziam com ela se sentisse desanimada. Principalmente, porque ela não tinha condições de comprar um computador mais moderno e de melhor desempenho para estudar.

O computador que ela tinha era movido a carvão. Para funcioná–lo era necessário girar uma manivela várias vezes. A internet não era diferente. Para navegar, ela tinha que ter uma antena de alumínio – de um metro de altura – fincada no chão próximo do seu computador, e, com uma palha de aço colocada na ponta do alumínio.  

 A palha de aço, por ser em forma de espiral, recebe as ondas emitidas por um transmissor, o qual é responsável pelo sinal enviado através do ar. A palha de aço ajuda também, a manter o sinal em uma mesma posição. Evitando–se assim que ele sofra ondulações. Com isso, as distorções de imagens desaparecem e melhora a velocidade de navegação. Caso contrário, era impossível Jurubébah navegar na internet.

Certo dia, Jurubébah estava navegando na internet, quando viu um anúncio  a respeito de um exame nacional  chamado HERTZ divulgado em um site jornalístico.
Esse exame tinha o objetivo, de selecionar os melhores estudantes – que tivessem uma boa pontuação – a ingressarem em uma Universidade Estadual ou Federal.   
Tanto o Governo Estadual como o Governo Federal ofereciam: alimentação, moradia e transporte. Todas essas despesas seriam pagas por eles.

Foi numa  quarta–feira, quando Jurubébah visualizou esse anuncio, e, o exame estava marcado para o próximo Domingo. Ela tinha, então, somente quatro dias para estudar. Mais que depressa, ela começa estudar 24 horas por dia.  Afinal, era uma oportunidade de realizar o seu sonho. Por isso, não mediu esforços para se empenhar nos estudos.

Os quatro dias se passaram e o domingo chegou.
Jurubébah estava muito nervosa. Não conseguiu deixar sua ansiedade de lado, mesmo estando preparada para fazer aquele exame.  
Com muita atenção, ela responde as questões e verifica várias vezes se as respostas estavam certas.
Ao término do exame, ela escreve o seu nome no gabarito e entrega sua prova.
Suas mãos, estavam trêmulas no momento em que ela entregou a prova para o supervisor da sala. Ele percebeu o seu nervosismo e disse.
– Fique calma. Tudo vai dar certo – disse ele a sorrir.
– Eu preciso muito passar nesse exame – disse ela preocupada ao rapaz.
– O resultado sai na próxima semana. É só aguardar – disse ele conferindo o seu exame.
– Você sabe o dia exatamente? – perguntou Jurubébah.
– Na sexta–feira. Você receberá o informativo pelo correio.
– Muito obrigada – disse ela ao sair da sala.

A sexta–feira demorou a chegar para Jurubébah. Nunca ela tinha ficado tão ansiosa na sua vida, como ela ficou naquele momento.
Durante a semana, ela não conseguiu dormir direito e nem se alimentar como deveria.
Na sexta–feira, ela não saiu de casa de jeito nenhum. Ficou esperando o carteiro trazer a resposta do seu exame.

Não demorou, e, o carteiro aparece na sua casa e lhe entrega um envelope lacrado em seu nome.
Rapidamente, ela abre o envelope, e começa a procurar o seu nome na lista de classificação. Para sua surpresa, ela não tinha passado no exame. 

Para piorar a situação, espalha–se um comentário na cidade de Caipora, onde dizia que Jurubébah era burra e que não tinha capacidade de passar, com bons resultados, em um exame daquele porte.

Jurubébah, deprimida com o comentário, resolve fazer um novo exame. Só que, o próximo exame HERTZ seria somente no ano seguinte. Mesmo assim, ela fez novamente sua inscrição.

– Agora eu vou ter mais tempo para estudar. – Eles vão ver quem é burra.
No decorrer dos meses, ela se dedicou em tempo integral aos seus estudos. Seu quarto virou uma pequena biblioteca, e, o seu velho computador passou a ser tão útil quanto aos livros que ela lia.  

Um ano se passou, e Jurubébah estava mais preparada para fazer o exame novamente. Estava mais segura, mais confiante de si mesma.

Alguns dias depois, após o término do exame, ela recebe novamente um envelope lacrado em seu nome.
Apreensiva para saber logo o resultado, ela o abre rapidamente e leva um susto.

– MÃE!!!! – grita Jurubébah ao chamar pela sua mãe.
– O que é menina? Precisa gritar desse jeito? – responde sua mãe indignada com o seu grito.
– MÃE, MÃE!!!!... – tornou a chamar Jurubébah, aos gritos pela sua mãe. Ela estava tão ofegante que não conseguia falar.
– Pare de gritar, filha. Fala logo? O que aconteceu? – pergunta sua mãe zangada.
– Eu passei... – disse Jurubébah quase sem ar.
– Passou em que? – insistiu sua mãe ao querer saber no que ela havia passado.
Jurubebah ainda não conseguia responder. Ela resolve, então, tentar se acalmar primeiro, para depois falar com sua mãe. Sua euforia estava irradiante.
– Calma, Jurubébah! – disse sua mãe. – Você está muito eufórica!
Depois de um tempo, ela conseguiu se acalmar e disse a sua mãe.
– Eu consegui passar no exame de HERTZ em primeiro lugar.
– VERDADE, FILHA!? – falou sua mãe feliz, sem acreditar no que ela estava dizendo.
– Verdade. Olha o resultado. – Jurubébah mostra o resultado para sua mãe, que ficou muito feliz ao ver a classificação da filha.
As duas se abraçaram e deram sonoras risadas de alegria.
– Agora eu provei a eles que eu tenho capacidade de passar nesse exame, todos podem, basta apenas se esforçar muito! – disse Jurubébah sorrindo.
– Isso mesmo, filha. Você mostrou que não é burra e nunca foi. Estou muito orgulhosa de você.

Todos na cidade ficaram sabendo o resultado do exame de Jurubébah.
Finalmente, ela conseguiu respeito e consideração daquele povo que havia dado muitas risadas dela.

Jurubébah se ingressou em uma Universidade Federal chamada Track Pack, que ficava na cidade de Chiliki.
Para não deixar sua mãe sozinha, ela resolveu levá–la junto.
Ela alugou uma casa, próximo a Universidade onde ia estudar para sua mãe morar.  Assim, quando ela tivesse tempo, poderia ir visitá–la.

Todas as despesas do curso foram pagas pelo Governo Federal. Além dos recursos oferecidos, incluíram também: livros didáticos, cadernos e apostilas que se fizessem necessários.

Jurubébah disse aos seus novos amigos que: “Ninguém é burro. Basta se dedicar para atingir os seus objetivos. Tudo o que fizer, faça bem feito para não se arrepender depois. Procure fazer as coisas com amor. Valorize os seus estudos e agradeça a pessoa que estiver dando a você uma oportunidade de estudar."

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