terça-feira, 16 de novembro de 2010

Conto: Saudades

Autora:  Eduarda Moreira

Era uma vez um menino chamado Pedro.  Ele era muito simples e morava com sua família em uma fazenda no interior de Minas Gerais.  A fazenda se chamava Santa Maria.
Seu pai, Sr Edmundo e sua mãe Sra Tereza tiveram quatro filhos.  Sonia a mais velha tinha 20 anos e Pedro de 18. E, mais duas irmãs:  Cristina de 14 e Soraia de 12 anos.  
Todos ajudavam a cuidar da lavoura, dos canaviais, do gado e também dos cavalos. Apenas a irmã caçula, Soraia, não ajudava porque era paraplégica. Ela sofreu um acidente que afetou sua coluna vertebral. Depois disso, não pode mais andar.

Pedro era muito apegado a Soraia. Ele ajudava a cuidar dela quase todos os dias. Por causa disso, ele faltava muito da escola.
Sua mãe não gostava quando ele não ia à escola. Ela  sempre o alertava com relação a isso. Mas, Pedro não se importava. Ele gostava muito de ajudar sua irmã e fazia o possível para que ela ficasse bem.

Pedro tinha um sonho. Ser jogador de futebol. Ele gostaria de jogar profissionalmente em um time da primeira divisão. Porém, existiam várias barreiras na vida de Pedro que não o deixava com esperanças. Uma delas era o cuidado que ele tinha com a Soraia, e, a outra era que, seus pais não tinham dinheiro para sustentá–lo fora de casa.

Mas, Pedro não desanimou.
Um dia ele estava jogando bola com seus amigos perto da sua casa, quando de repente ele deu chute muito forte, fazendo com que a bola batesse em um poste de luz. Nesse poste, tinha um banner de propaganda colado que dizia: “TREINO DE JOGADORES EM SÃO PAULO”, e, posteriormente uma seleção para fazer parte de um time de futebol.

Pedro se encantou com a idéia e, pela primeira vez, sua esperança foi renovada. Ele arrancou o banner do poste e voltou correndo para casa.

– Pai! Olha? – disse Pedro com o banner na mão mostrando o anuncio ao seu pai. – Vai haver um treino de jogadores em São Paulo e futuramente eles vão fazer uma seleção para fazer parte de um time! Por favor, Pai? Deixe–me ir?

– Pedro... Eu sei que o seu sonho é ser jogador de futebol – disse o pai. –  Mas, você sabe as nossas condições?
– Eu sei, pai – disse Pedro tristemente.
– Sonia? Você pode me levar até São Paulo no seu carro? – perguntou Pedro ainda animado.
– Nunca. Eu não sei dirigir em São Paulo. Acho bom você desistir dessa idéia. É impossível de realizar o seu sonho – disse ela convicta do que estava dizendo.

Pedro ficou muito deprimido ao saber da impossibilidade de realizar o seu sonho. O tempo foi passando e o dia do treinamento estava chegando. Quando este dia chegou, Pedro começou a chorar ao ver sua única chance ir embora.

Sua mãe, ao vê–lo deprimido lhe pergunta o que estava acontecendo. Ele, então, responde.
– O meu sonho está indo embora, mãe.
– Como assim, filho?

Pedro conta a mãe, sobre o anúncio do banner e também da recusa de Sonia em não querer levá–lo para São Paulo no carro dela.
– Filho. Nunca desista dos seus sonhos! – disse Sra Tereza abraçando o filho.
– Eu sei, mãe. Eu não vou desistir – disse Pedro chorando.

A Sra. Tereza, ao ver o filho triste daquela maneira, vai até o quarto dela e pega uma caixa preta, onde dentro tinha várias fotos e um pacote fechado.
Ela pega o pacote e entrega a Pedro.
Pedro percebeu que, aquele pacote era o dinheiro que a Sra Tereza guardava para casos de emergência.

– Não, mãe. Não posso aceitar. Essas são suas economias. Você as guardou apenas para ser usada em casos de emergência.  Não é justo gastá–las.
– Filho! O seu sonho é uma emergência. Ele está em risco e você não pode desistir. Vá! Pegue esse dinheiro e realize o seu sonho. É tudo o que eu tenho.

Pedro ficou tão emocionado, que não conseguiu dizer uma palavra naquele momento. Somente abraçou sua mãe fortemente e lhe deu um beijo na testa. Depois, quando recuperou o controle da sua emoção,disse.

– Obrigado, mãe. Eu prometo que vou lhe devolver, centavo por centavo desse dinheiro. E, vou lhe dar muito mais do que esse valor. Você vai ver?
– Espero que sim, meu querido – disse Sra Tereza afagando o cabelo de Pedro.

Pedro então começa arrumar as malas com lágrimas nos olhos. Ele sabia que esse seria o pior momento da sua vida. Despedir das pessoas que ele amava. Soraia ao ver o seu irmão partir, ficou indignada.
– Pedro? – chamou ela.
– Sim? – respondeu Pedro sem olhar para irmã, enquanto guardava sua roupa na mala.
– Eu vou sentir muito sua falta – disse ela chorando.
– Eu sei. Eu também vou sentir muito a sua falta. Mas, eu preciso ir.

Os dois ficaram se olhando por um tempo, e de repente Pedro lhe dá um abraço em prantos.
– Não se preocupe meu querido irmão. Eu vou ficar bem.
– Espero que sim. Vou te escrever sempre – falou Pedro.
– Vou ficar esperando – disse ela a soluçar.

Pedro, então, sai do quarto com o coração partido. Ele pega sua mala e vai direto para uma estação de trem que ficava perto da fazenda onde morava.
Enquanto ele estava esperando o trem, sua mãe aparece há alguns metros de distância olhando para os lados tentando encontrá–lo. Ele nao tinha notado que ela estava a sua procura.
No mesmo instante, o trem se aproxima e estaciona bem em frente de onde ele estava.
Sua mãe, mais que depressa, começa correr em direção a Pedro, e, quando se aproxima, lhe dá um abraço bem apertado aos soluços.
– Desculpe, filho. Mas, eu tinha que lhe ver pela última vez.
– Não é a última vez, mãe. Eu vou voltar. Isso é só o começo. Pode me esperar. – Disse Pedro emocionado.
– Vai com Deus, meu filho.

Ela o abençoou e Pedro foi embora em direção  ao seu sonho.
Ele nunca esqueceu o olhar da sua mãe no momento da despedida. Um olhar de dor, mas ao mesmo tempo de alegria por ter ajudado o filho a realizar o seu sonho.
Não importa o que os outros dizem. Vença as barreiras. Nunca desista dos seus sonhos.
Para Deus nada é impossível diante das suas promessas.

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